10 de dez. de 2008

Um mal necessário

Eu ainda ando de ônibus. Nunca deixei de andar de ônibus, apesar de ter tido oportunidade de ter o conforto de me locomover por intermédio de veículos automotores de propriedade de minha família nos últimos 22 anos. Mas, pra quem não sabe, esse ano (2008) estive envolvido em 2 acidentes de trânsito que resultaram em dano civil, sem vítimas fatais. Enfim, somente danos materiais mesmo, mas que já deram pano de sobra pra manga, um rombo orçamentário pesado e muita cefaléia. Não houve repercussões do ponto de vista administrativo ou penal, mas eu me ferrei bastante, em vários sentidos.

Não que eu tenha me machucado ou machucado alguém (obrigado, airbag), mas precisei assumir despesas (que ainda não paguei) e ficar definitivamente proibido de dirigir (por ordem judicial, da minha mãe), por mais que o veículo por mim avariado já tenha sido recuperado do ponto de vista funcional.

Não me pergunte o motivo pelo qual eu participei destes eventos traumáticos; simplesmente aconteceu. O lado bom é que andar de ônibus todo dia, sem escolha, ensina muito o indivíduo. Tem que ter lábia pra pegar ônibus lotado e chegar no horário. Tem que ser ninja pra se concentrar, dominar o sistema nervoso e não suar sob 42°C e umidade relativa do ar de 104% (condições ambientais no interior do veículo). Tem que ser Jedi pra não ficar com raiva diante de todas as dificuldades advindas do transporte coletivo na maldita e atrasada Belém do Pará. Terra de vestir roupa da Makell e andar com a camisa do Remo de 1995.

Foi-se a época em que andar de ônibus era legal... Me refiro unicamente à época da escola (Escola Tenente Rêgo Barros), em que a hora do "Marex-Arsenal" era a mais esperada desde o soar da campa de 12:45h. Vinha todo mundo sacaneando, gritando, proibindo a entrada dos passageiros sob a justificativa de que o bonde já tinha esgotado o limite máximo de passageiros (Rafael Pinto: "Tá lotado! Tá lotado! Ninguém sobe!), na época em que ainda se subia pela porta de trás (2001). Além daquelas vezes em que se achava dinheiro no ônibus (o máximo foi uma nota de R$10).

Enfim, tenho aprendido muitas boas lições ao andar exclusivamente de bonde nesses últimos 2 meses... Motores diesel ainda são barulhentos. Os melhores ônibus (mais rápidos) têm motor turbo diesel. A suspensão dos ônibus é hidráulica, muito eficiente e resistente pra agüentar as aloprações que os motoristas aprontam. As pessoas não dão mais lugar para velhos e demais incapacitados fisicamente. Os homens não dão mais seus lugares para as mulheres (talvez seja algum tipo de retaliação silenciosa na sociedade). Os cobradores estão mais educados e relativamente mais jovens (os velhos morreram?). Os motoristas continuam imprudentes e incoerentes com o sistema de tráfego.

Vou continuar nesse ritmo meio que merecido por mais um tempo, até que eu arranje grana pra comprar alguma coisa que tenha rodas e um motor, de preferência um Chevrolet Opala 4.1 movido à gasolina, pra falir de vez.

Um comentário:

  1. Eu ando mais de carro. Mas só quando o carro sobra aqui em casa. Eu como legitimo filho do meio, que sempre se ferra, uso o carro basicamente para buscar e/ou levar algeum aqui de casa pra algum lugar. Já ônibus usava pra trabalhar mesmo, mas ainda prefiro ir de bike.

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