19 de dez. de 2008

Guia prático de igrejas evangélicas


Vou logo avisando: muita gente que ler isso aqui vai ficar com raiva. Amigos e familiares meus, inclusive, mas eu não estou preocupado. Se você se considera evangélico e não que ficar mordido, não leia. Depois não diga que não avisei. Paciência...

Vou listar os tipos de igrejas evangélicas tal como consigo classificá-las segundo minha subjetividade baseando-me na vivência adquirida ao longo dos anos:

1- Igreja evangélica tradicional


O nome já diz tudo: trata-se do tipo de igreja que tem uma história mínima de pelo menos uns 30 a 40 anos e um legado moral a zelar perante a sociedade. É aquele tipo de igreja em que as moças andam com roupinhas comportadas e elegantes (não cafonas ou bregas) apenas sem decotes. Nessas igrejas você não encontrará saiões ridículos vestidos por mulheres provavelmtente iletradas ou cabelo ao nível da coluna lombar. Pelo contrário, as pessoas que a freqüentam são cultas, razoavelmente granadas e são decididas: vieram pra ficar, de geração em geração. As músicas são as mesmas desde 1980. Nem é necessário atualizar o Cantor Cristão. Entra ano, sai ano, é a mesma coisa.

2- Igreja evangélica sensacionalista


Típica e facilmente reconhecida. Geralmente quem as freqüenta tem baixa escolaridade e baixo poder aquisitivo. O discurso é emocionalmente carregado, com pastores treinados no Rio de Janeiro. São empresas e fazem mais sucesso e lucros que redes de supermercados ou farmácias. Geralmente têm emissoras de TV próprias, templos com arquitetura carregada de grandiosidade, o que dá ao pobre freqüentador a sensação de inclusão social. O rebanho é massivo, contando com milhares de pessoas que chegam a pagar 50% de seus salários mensalmente em campanhas miraculosas que prometem riqueza, luxo, ostentação e distância de demônios inconvenientes.

3- Igreja evangélica moderninha


Local cheio de pessoas cult adoradoras de Deus, na essência. Discurso sincero, emocionado, porém útil, de grande aplicabilidade e pragmatismo. Pessoas inteligentes a freqüentam e os cultos não têm apelo financeiro declarado tal como vemos na categoria anterior, apesar de serem igrejas-berço para a projeção de grandes artistas do ramo da música gospel, que chegam à fama sem precisar do Ídolos. O equipamento de áudio é profissional e muitos cultos se assemelham a programas de televisão que veiculam música. Os músicos são bons do ponto de vista técnico, mas são geralmente meio pomba-lezas. Verdadeiros shows... Vendem CDs dos levitas na saída.

4- Igreja evangélica improvisada


São as chamadas "tendas". Não se sabe se não há verba suficiente para construir um templo de alvenaria ou se a aparência circense é proposital para arrebanhar adeptos envergonhados que não têm coragem de entrar em nenhuma das três categorias anteriormente citadas. São praticamente ecologicamente sustentávies pois gastam pouca energia elétrica com equipamento de som de baixa categoria e iluminação fluorescente ou luz solar. Não se sabe como (ou se) as companhias de energia elétrica cobram o serviço. Geralmente ficam localizadas em frente a paradas de ônibus, de modo que, se você se deixar levar pelo discurso e seu bonde estiver demorando demais, entre, pegue uma cadeira plástica e fique à vontade. Não esqueça de dar uma oferta.

17 de dez. de 2008

Crianças? Não... Consumidores!


Uma das melhores estratégias de marketing (e uma das maiores covardias) é usar de poder de convencimento em propagandas para influenciar crianças ao consumo desenfreado de produtos.

Vale a pena assistir ao vídeo abaixo. Ele fala sobre consumo e propagandas direcionadas à faixa etária infantil. Bem legais as entrevistas com os moleques. Não é difícil provar que as crianças estão cada vez mais bitoladas... Os fedelhos não sabem mais nem os nomes dos legumes, mas sabem e muito bem o que é um Cheetos.



Uma velha cena de Chaves já previa isso:

Prof. Girafales: "Essas crianças são o futuro do nosso país."
Seu Madruga: "Essas crianças são o futuro do nosso país?" - disse olhando pro Chaves, Quico e Chiquinha.
Prof. Girafales: "Sim".
Seu Madruga: "To vendo que a nossa seleção vai perder de novo!"

Vou fazer de tudo pros meus filhos não serem assim.

16 de dez. de 2008

Crash Tests

O que determina se um veículo irá garantir a segurança de seus ocupantes em uma situação de acidente de qualquer natureza, quer seja esta decorrente de imperícia ou falha mecânica são os resultados nos chamados Crash Tests realizados antes que estes cheguem aos consumidores.

Crash Tests nada mais são do que séries de testes que simulam diversas situações de acidentes com veículos. Para tal é determinante que haja a destruição de exemplares idênticos aos que saem da linha de produção através de simulações de colisões contra anteparos imóveis. São realizadas colisões frontais, laterais, etc.

Vários parâmetros são avaliados com relação à resistência do veículo e, inclusive, há como se avaliar possíveis lesões que possam ser provocadas nos ocupantes através da avaliação das condições de bonecos denominados dummies, que são posicionados inicialmente íntegros no interior dos veículos no início dos testes. Os dummies reproduzem características físicas semelhantes às dos seres humanos. Variáveis tais como estatura, peso de cada segmento do corpo, articulações, entre outras características anatômicas, para cada faixa etária.

Há veículos que se saem muito bem nos testes, resultando em dummies íntegros ao final, com boa absorção de impactos, assim como há veículos (principalmente chineses [e não japoneses]) que são tão péssimos que dá pena dos dummies.

Abaixo, coloquei alguns exemplos de Crash Tests.

O primeiro, é de um carro chinês com tração 4x4. O dummy se ferrou...



Agora temos um Mercedes classe C, um dos modelos mais simples da montadora.



E aqui um Crash Test com avião, da NASA.



Por fim, um Toyota Corolla com carroceria típica de 1993 a 1997.

14 de dez. de 2008

A primeira vez a gente nunca esquece

Faz tempo, foi em 1997. Na época, me encontrava cursando a 5ª série do antigo 1º grau. Gostaria de descrever aqui, em detalhes, a primeira vez que usei a internet. Quem pensou outra coisa, deveu! Eu tinha 10 anos e era um mini-nerd incomum: tinha assinatura da revista Superinteressante, queria ser "cientista da NASA", mas jogava bola (e muito bem... artilheiro em time de adultos [tudo bem que eram velhos barrigudos]), sacaneava na escola, tinha minha própria gangue, fazia esportes (judô, natação e futsal [um absurdo tudo isso {por isso que sou magro até hoje}]) e ao mesmo tempo estava sempre lendo e me informando sobre as inovações tecnológicas.

Então, na época, tínhamos acabado de comprar um computador "de ponta", mas que fica no chinelo perto dos modelos atuais. Era um desktop Compaq Presario (um Pentium 3 slot 1 morto de lento, com uns 64MB de memória DIMM, no máximo). Ele era preto, o que era o máximo na época. Cara, nem nos filmes da Sessão da Tarde existia computador preto, imagina na minha casa! Eu ficava maluco usando esse computador... Imprimia diversas folhas com desenhos no Paint e outras imagens sem qualquer lógica. Vieram alguns CDs com jogos (idiotas) que me faziam perder a tarde jogando. Mas eu não esquecia de, no fim da tarde, descer pro térreo pra brincar de pira-se-esconde, pira-camisada, polícia-e-ladrão (de verdadinha, com arma de pressão/réplicas da Sig Sauer) ou gato-mia na casa de alguém.

Até que um dia eu li na Superinteressante sobre um troço chamado internet... Fiquei doido com o que li. Pasmo... Era um negócio virtual (esse conceito estava pouco definido no meu imaginário incipiente) que dava pra fazer um monte coisas. Eu iria poder me comunicar pelo computador, acessar páginas da internet e ficar "conectado ao mundo" (aquele papo de propaganda e tal)!

Na revista sempre tinha uma seção com sugestões de sites da internet pra acessar, mas eu ficava só na vontade porque tinha um computador que só se comunicava com ele mesmo e já tava ficando chato jogar Pinball do Windows e eu já tinha zerado praticamente todos os games que eu tinha (só faltava Tomb Raider que mostrava a Lara Croft toda quadrada e um Star Wars escroto). Enchi o saco pros meus pais arranjarem a tal da internet...

Eis que surgiu a possibilidade de ter internet! E sem pagar provedor (pois era caríssimo)... Graças ao discador da UFPA eu conseguia ter acesso via conexão discada. Era lento, mas era legal! Tudo começou quando minha irmã entrou no site de bate-papo da UOL (que existe até hoje) e me botou pra conversar com alguém de lá. Eu tava tremendo... Digitei um "oi, tudo bem?" quase chorando de tão magnífica conquista. E quando recebi a resposta "tudo, e você?" eu quase infartei. A parti daí, só alegria. Depois eu acho que fui me tornando geek e lammer a ponto de conseguir fazer algumas máfias pra conectar de graça, usando 0800.

E hoje eu to aqui, tenho MSN, Orkut, blog, baixo música, vídeo e jogos por peer-to-peer. Sou mais um escravo consciente e consensual da internet. Quero saber até onde isso vai chegar...

10 de dez. de 2008

Um mal necessário

Eu ainda ando de ônibus. Nunca deixei de andar de ônibus, apesar de ter tido oportunidade de ter o conforto de me locomover por intermédio de veículos automotores de propriedade de minha família nos últimos 22 anos. Mas, pra quem não sabe, esse ano (2008) estive envolvido em 2 acidentes de trânsito que resultaram em dano civil, sem vítimas fatais. Enfim, somente danos materiais mesmo, mas que já deram pano de sobra pra manga, um rombo orçamentário pesado e muita cefaléia. Não houve repercussões do ponto de vista administrativo ou penal, mas eu me ferrei bastante, em vários sentidos.

Não que eu tenha me machucado ou machucado alguém (obrigado, airbag), mas precisei assumir despesas (que ainda não paguei) e ficar definitivamente proibido de dirigir (por ordem judicial, da minha mãe), por mais que o veículo por mim avariado já tenha sido recuperado do ponto de vista funcional.

Não me pergunte o motivo pelo qual eu participei destes eventos traumáticos; simplesmente aconteceu. O lado bom é que andar de ônibus todo dia, sem escolha, ensina muito o indivíduo. Tem que ter lábia pra pegar ônibus lotado e chegar no horário. Tem que ser ninja pra se concentrar, dominar o sistema nervoso e não suar sob 42°C e umidade relativa do ar de 104% (condições ambientais no interior do veículo). Tem que ser Jedi pra não ficar com raiva diante de todas as dificuldades advindas do transporte coletivo na maldita e atrasada Belém do Pará. Terra de vestir roupa da Makell e andar com a camisa do Remo de 1995.

Foi-se a época em que andar de ônibus era legal... Me refiro unicamente à época da escola (Escola Tenente Rêgo Barros), em que a hora do "Marex-Arsenal" era a mais esperada desde o soar da campa de 12:45h. Vinha todo mundo sacaneando, gritando, proibindo a entrada dos passageiros sob a justificativa de que o bonde já tinha esgotado o limite máximo de passageiros (Rafael Pinto: "Tá lotado! Tá lotado! Ninguém sobe!), na época em que ainda se subia pela porta de trás (2001). Além daquelas vezes em que se achava dinheiro no ônibus (o máximo foi uma nota de R$10).

Enfim, tenho aprendido muitas boas lições ao andar exclusivamente de bonde nesses últimos 2 meses... Motores diesel ainda são barulhentos. Os melhores ônibus (mais rápidos) têm motor turbo diesel. A suspensão dos ônibus é hidráulica, muito eficiente e resistente pra agüentar as aloprações que os motoristas aprontam. As pessoas não dão mais lugar para velhos e demais incapacitados fisicamente. Os homens não dão mais seus lugares para as mulheres (talvez seja algum tipo de retaliação silenciosa na sociedade). Os cobradores estão mais educados e relativamente mais jovens (os velhos morreram?). Os motoristas continuam imprudentes e incoerentes com o sistema de tráfego.

Vou continuar nesse ritmo meio que merecido por mais um tempo, até que eu arranje grana pra comprar alguma coisa que tenha rodas e um motor, de preferência um Chevrolet Opala 4.1 movido à gasolina, pra falir de vez.

8 de dez. de 2008

Papo de micreiro agoniado

Putz! Hoje meu computador me deu um susto tão estridente que eu senti a pleura raspando no pericárdio. Como de costume, quando acordo, antes de mais nada (me refiro a café da manhã e higiene pessoal), ligo o computador. Às vezes ele já se encontra ligado, mas hoje, por exceção absoluta, dei a ele uma merecida noite de sono. Enfim, a onda toda é que hoje eu apertei o botão do "ON", esperei ele carregar o Windows, aí quando eu menos espero: "BEEP! ... BEEP! BEEP! BEEP! ... BEEP! ... BEEP! BEEP! BEEP!" (para os leigos: "Pííí! ... Pííí! Pííí! Pííí! ... Pííí! ... Pííí! Pííí! Pííí!). Aí travou!

Parecia naqueles filmes de ficção científica em que os caras "do mau" invadem a base da galera "do bem". e todo mundo corre de um lado pro outro falando "May Day! Fall back!" ... Fiquei desesperado... Pra quem saca um pouco de informática, esse bips podem significar desde um mau contato nos slots de memória até a queima do processador ou da placa mãe, o que, na altura do campeonato (eu, liso, fumado, com nome prestes a ser encaminhado ao saudoso SERASA e amigos do SPC - não me refiro ao grupo de pagode "Só pra Contrariar"), fiquei cabreiro. Foi frito o négocio!

Diante dos fatos, lá fui eu usar meus dotes de engenheiro da computação amador emergente, graduado pela High Tech Google Networks, formado em Tecnologia da Informação pela Wikipedia e associado como membro honorário do fórum do Clube do Hardware. Deu pra notar que meu currículo é bamba... Mas, em todo caso, eu sou capaz de montar e desmontar um computador brincando (sou um lammer profissional também). Enfim, fui eu que montei esse computador comprando peça por peça, então ninguém melhor que eu mesmo (convencido) pra fazer esse serviço.

Fui à luta... Desconectei todos os cabos (que tinha arrumado perfeitamente ontem), que por sinal, deu um trabalho do cão, arranquei o gabinete das entranhas da minha mesa, o coloquei na minha cama (que, a esse ponto, parecia muito mais uma mesa cirúrgica) e parti pra incisão. Empunhando uma chave de fenda, removi os parafusos palpitando, remoendo minhas vísceras vazias de moribundo recentemente acordado, ainda com remelas, respirando frouxamente e suando frio enquanto a aflição daquele hardware me assolava. Após aberta a lata, olhei a placa mãe e, nenhum sinal de capacitor tufado ou componentes visivelmente queimados por superaquecimento. Mas isso não quer dizer nada.

Não queria mexer em muita coisa (tenho pena). Então fui ao principal: reposicionar as memórias (duas Kingston DDR2 667MHz de 1GB cada). Troquei os slots das duas, colocando nos banks número 2 e 4, em dual channel mesmo. Não toquei em mais nada, fechei o gabinete, pluguei tudo bonitinho denovo, liguei o cabo de força pedindo aos elétrons para serem bonzinhos comigo, e apertei o botão de ligar... Essa hora foi tensa! Senti meu rim apertado por longos 8 segundos, mas deu certo. FUNFOU normal denovo! Égua do apuro que eu passei hoje. Chega perdi a fome do café da manhã. Talvez eu almoce ainda hoje.

O pior é que até agora eu não descobri a causa do problema. Talvez meu computador esteja mesmo é querendo me sacanear, já que eu sacaneio tanto ele deixando ligado por horas fazendo download. Isso deve ser um saco pra ele, coitado. Acho que ele não iria reclamar se ficasse jogando Call o Duty World at War ou qualquer joguinho mais legal.

Bom, espero estar contando aqui ainda mais aventuras de um presidiário urbano em liberdade do mesmo porte desta história e outras ainda mais fuderosas.